Análise - Análise - Ao manter Selic em 6,50%, Copom encerrou o ciclo de afrouxamento monetário

- Esta análise é do grupo de economistas do Bradesco e foi liberada ainda há pouco para os clientes.




O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) decidiu ontem, por unanimidade, manter a taxa básica de juros em 6,50% ao ano, surpreendendo as expectativas do mercado e a nossa (redução de 0,25 p.p.). As projeções da instituição, utilizando o cenário de mercado do Focus, apontam para altas do IPCA de 3,6% neste ano (com Selic de 6,25% e câmbio de R$/US$ 3,40 no final do período) e de 3,9% em 2019 (com 8,00% e R$/US$ 3,40). Já no cenário com a Selic e a taxa de câmbio constantes, em 6,50% e R$/US$ 3,60 (nível médio dos dias imediatamente anteriores à reunião), nessa ordem, as projeções de inflação ficam "em torno" de 4,0% para 2018 e 2019. Se por um lado esse quadro aponta para um cenário benigno para os preços, inclusive os núcleos de inflação, por outro o colegiado explicitou sua visão de piora no balanço prospectivo de riscos para a inflação. Essa deterioração foi associada ao quadro internacional mais volátil e menos favorável para as economias emergentes, em grande medida por conta da normalização da política monetária em algumas economias avançadas. A percepção de piora no balanço de riscos preponderou sobre o arrefecimento da atividade econômica, reconhecido pelo BC em um contexto de recuperação "consistente, mas gradual". Dessa forma, apontou o comunicado, a evolução "principalmente" do balanço de riscos tornou desnecessária uma queda adicional para mitigar o risco de postergação da convergência da inflação rumo às metas. Ao mesmo tempo em que manteve a Selic em 6,50%, citando que esse nível é compatível com a inflação ainda favorável e convergindo para a meta, o Copom indicou que não deverá alterar a taxa de juros ao longo das próximas reuniões, encerrando o ciclo de afrouxamento. Contudo, o comitê manteve a indicação de que os próximos passos dependerão da evolução da inflação, da atividade e do balanço de riscos em um contexto em que apenas os efeitos secundários da depreciação cambial serão levados em conta para suas futuras decisões. Por último, o colegiado indicou que o atual cenário ainda recomenda política monetária estimulativa. Assim, alteramos a nossa expectativa de taxa básica para o final de 2018, de 6,25% para 6,50% ao ano.

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