Artigo, Ricardo Noblat - Golpe suspenso

Ficou para outro dia o golpe tramado pelos maiores partidos do Congresso, com a bênção dos presidentes da Câmara e do Senado, contra o avanço do combate à corrupção no país. O governo estava informado a respeito, mas não se mexeu para abortá-lo.

Há mais de dois meses que circulava no Congresso um projeto de lei, elaborado por empresários paulistas, que a pretexto de criminalizar o uso de caixa dois anistiava todos os que tivessem se valido dele até a eleição de 2014 para financiar partidos e candidatos.

O projeto beneficiaria os doadores e os contemplados com doações. Estava para ser votado ontem à noite na Câmara dos Deputados. Só não foi dada à reação de um grupo de deputados liderado por Miro Teixeira (REDE-RJ).

No Senado, onde o projeto seria votado em seguida, a reação ao projeto foi comandada por Randolfe Rodrigues (REDE-AP).

Caixa dois é dinheiro não declarado à Justiça por quem o doa e por quem o recebe. É crime, como já disse mais de uma vez a ministra Cármen Lúcia, atual presidente do Supremo Tribunal Federal. Mas sempre foi um crime tolerado pela Justiça.

Ocorre que o crime ganhou uma nova dimensão depois que o PT começou a usar a Justiça para encobri-lo. O PT passou a cobrar propina de empresas que tinham contratos com o governo. E para não perde-los, as empresas passaram a doar legalmente o que propina era.


Não se descarte a hipótese de o projeto reaparecer para ser votado em breve. Seus defensores vão esperar apenas que baixe a poeira levantada por ele.

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