Artigo, Gustavo Ioschpe, revista Veja- As escolas ajudam a formar patifes no Brasil

Artigo, Gustavo Ioschpe, revista Veja- As escolas ajudam a formar patifes no Brasil


A pergunta que se coloca urgentemente, antes que passemos por mais um impeachment, Lava-Jato ou mensalão, é o que devemos fazer para mudar. A resposta mais óbvia-precisamos que o s pais deem melhores ensinamentos e exemplos para seus filhos – é inexequível. Não podemos nos imiscuir na maneira como pais se comportam em casa. As duas instituições-chave do Estado (portanto, sob nosso controle) que precisam ser acionadas nesta luta são a escola e o Judiciário.
Apesar de todo o blá-blá-blá sobre formar cidadãos conscientes, nossas escolas ajudam na formação de patifes. Porque são, elas mesmas, instituições profundamente antiéticas. Alunos colam em quase todas as provas e os professores fazem vista grossa. Também, pudera: a maioria dos mestres também é aética. Falta às aulas, chega atrasada, não cumpre com suas obrigações profissionais.
O professor médio brasileiro não está em condições morais de cobrar comportamento virtuoso de seus pupilos.
A própria incompetência da nossa escola conspira contra a honestidade: o livro de Almeida mostra que, quanto mais instruída a pessoa, mais séria ela tende a ser.

Ma sem dúvida nosso problema mais importante está na Justiça. Até o mensalão, a sensação de impunidade, de um Judiciário leniente com os poderosos e draconismo com ladrões de galinha, eram compartilhadas por todos. De lá para cá, e especialmente agora com a Lava-Jato, mudamos o paradigma, e é possível acreditar que a exceção vire regra. Mas o sistema joga contra. São amplos recursos, embargos e medidas protelatórias que fazem com que os casos menos célebres morram na vala comum da prescrição. Ainda não assimilamos a máxima de que justice delayed is justice denied: justiça atrasada é justiça negada. A mera expectativa de um processo infinito e custoso faz com que contratos valham pouco mais do que papel de embrulhar pão e se transformem no adubo que nutre os picaretas. Precisamos fortalecer e agilizar nosso Judiciário, melhorar e endireitar nossas escolas. Não vamos a lugar nenhum enquanto a vida pública for habitat de salafrários e, na vida privada, ser ético for sinônimo de otário.

Um comentário:

  1. Não sei se esse senhor tomou como base tão somente os Colégios Israelitas pelo Brasil. Simplista tal raciocínio. Professores são muito mal pagos e penso que igualmente nos colégios israelitas assim como nos públicos e de todas as demais ditas religiões. Seu artigo cai por terra quando ele joga pedras no Poder Judiciário, pois este nada mais faz do que APLICAR A LEGISLAÇÃO VIGENTE, fruto de um Congresso Nacional hoje tomado de assalto pela escória de igrejas e cujo chefe é Eduardo Cunha. Finalizo lembrando que o articulista esqueceu e até possivelmente por conveniência o absurdo de TRIBUTOS SONEGADOS e sonegados pelos que mais têm pois eu pago somente de IR 27,5% descontado em folha.

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