Artigo, Marcelo Aiquel - A seriedade do PT gaúcho

      Ontem, debatendo com um amigo (é, eu também tenho amigos que são ceguinhos e surdinhos), escutei dele: “Mas no PT gaúcho tem muita gente séria!”
      Imediatamente lembrei-me do meu querido irmão Juarez, que volta e meia corre para defender a figura do “garanhão de Bossoroca”, o ex-governador Olívio Dutra. Aquele mesmo que inventou a figura do contrato socialmente correto para justificar a expulsão da fábrica da FORD do Estado, coisa que o município de Camaçari/BA agradece até hoje.
      Uma observação pertinente: aa cidades de Guaíba e Eldorado do Sul caminharam 20 anos para trás com aquele canetaço demagógico. Num retrocesso financeiro, econômico e de empregos, incomensurável.
      Bom, mas o tema do artigo não são as perdas econômicas da decisão irresponsável do Olívio, mas sim a ética e a seriedade do PT gaúcho, que – lembram-se? – apoiou e aplaudiu unânime a citada deliberação.
      Parei para pensar a quem (ou a qual pessoa) meu amigo se referia quando bradou pela postura reta e pela probidade dos petistas gaúchos.
      E, confesso que, depois de pensar muito, não consegui detectar um só membro do “partidão da ética” que pudesse ser qualificado como tal.
      E explico:
      Não são poucos os petistas gaúchos que se rebelaram publicamente nos últimos tempos contra a bandalheira praticada pela quadrilha comandada pelo Lula. Posso citar, entre outros, Olívio Dutra, Paulo Paim, e Raul Pont, sempre com um discurso forte a favor da ética.
      Mas, nenhum deles tomou qualquer medida prática e efetiva em relação a estes fatos criticados. Seguem todos no PT, abraçados aos “companheiros” denunciados, sendo alguns até já condenados.
      Ora, desde os primórdios da humanidade se sabe que existem dois tipos de infratores (e uso este termo leve em respeito às pessoas denunciadas): os que praticam o delito como autores, e os coniventes.
      Também é notório que nem todo o “conivente” deva ser beneficiário direto do resultado do delito. Mas, o simples fato de tomar conhecimento e silenciar (seja lá porque razão) faz deste conivente um “cúmplice” do crime. Ou do ilícito, para ser menos agressivo.
      Ou seja, a omissão de fato criminoso (ou ilegal) imputa uma “cumplicidade” à pessoa conivente.
      Estes por sua vez deixariam de ser corresponsáveis na hipótese de, indignados com a situação, tomarem uma medida objetiva: denunciar os autores do(s) ilícito(s).
      Ou, para não agir como um X9, imediatamente afastar-se da companhia do infrator.
      Porém, em interesse próprio (pensando apenas em si e/ou no seu futuro político) estes “cúmplices” não fizeram nem uma coisa nem outra, preferindo apenas criticar – num “jogo de cena” deplorável – e prosseguir no mesmo barco.
      A mais evidente constatação disso é que existem outros barcos que conduzem ao mesmo destino. E que é possível, inclusive, criar um novo.       Exemplos não faltam!
      Ocorre que, quando se reclama acintosamente da conduta do capitão de um barco e depois se troca de embarcação, o crítico fica vulnerável à possibilidade do criticado denuncia-lode ter participado no mesmo esquema reclamado. É o que se chama de RABO PRESO!
      Ou não?
      Eu custo a acreditar que seja este o motivo de pessoas tão elogiadas publicamente não resolverem optar por um novo caminho.
      Afinal, não se aposta tanto na seriedade destes?
      Então, quem aposta que responda.
      Sem tergiversar ou acusar outros de fazerem o mesmo, porque ai fica parecendo argumento vazio de advogado incompetente...
      Pela singela razão de que um erro nunca justificou outro!


      Marcelo Aiquel – advogado (07/06/2016)

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