Artigo, Tito Guarn iere - Não vai dar certo

Artigo, Tito Guarn iere - Não vai dar certo
Há 25 ou 30 anos Roberto Campos costumava dizer que o Brasil não corria o menor risco de dar certo. Era uma manifestação comum em Campos, contra tudo o que vinha do Estado, em oposição ao nosso apego ao estatismo, à nossa crença de que o Estado tudo resolve e de que existe almoço grátis e governo grátis.
Mas diante de duas ou três notícias tomadas ao acaso é de se perguntar: será que Campos só estava fazendo ironia? Vejam o Renan Calheiros. A vida do sujeito é um rolo só. Está metido em uma dezena de processos, inclusive na Lava Jato. É o líder do PMDB no Senado. Pois não é que o homem, sem mais aquela, rompeu com o governo de Michel Temer, do seu partido, e se declara feliz de ter migrado para a oposição?
Não é, em si, censurável mudar de posição. Mas então ele deveria, antes de tudo, renunciar à liderança do partido no Senado. Disso ele não cogitou. Apenas saiu do governo, atirando na terceirização e na reforma da previdência, dois pilares do governo Temer.
Mas o que isso tem a ver com o futuro do Brasil? Tem muito, porque Renan é dos políticos mais influentes e poderosos da República. E se ele é capaz de agir com tal vulgaridade, primarismo e oportunismo, que juízo devemos fazer dos demais pais da pátria, dos políticos de varejo, do baixo clero, dos que pouca ou nenhuma influência detêm?
Outra figurinha carimbada nessa ordem de consideração é Ciro Gomes. Este, ao contrário de Roberto Campos, me impressionou durante algum tempo: cheguei ao ponto de votar nele para Presidente. Sabem como é, ninguém escapa de momentos da mais pura bobeira.
Ciro anda por aí todo prosa, defendendo teorias exóticas (não há crise da Previdência, é uma invenção de FHC, Lula, Dilma e Temer), batendo parelho em quem lhe aparece pela frente (Doria, Temer de novo, Dilma, que segundo ele é uma tonta) e, como um cangaceiro vulgar, prometendo receber à bala a turma de Moro, se o procurarem. Cangaceiro por cangaceiro prefiro Renan, que é mais autêntico. Mas como o Brasil pode dar certo? Ao menos Renan nunca foi e nem será candidato a Presidente. E Ciro está aí de novo, agora homiziado no PDT, o sexto ou sétimo partido a que se filiou, desde os tempos em que era fogoso militante da Arena Jovem.
De Ciro - que é chamado em certas áreas de “Bala Perdida” - só há uma certeza: ele vai continuar brilhando na série desembestada de incongruências, patacoadas e outras categorias de bobagem.
O empresário Paulo Vellinho desabafou: há duas castas no Brasil, a dos 3,7 milhões de aposentados e pensionistas do serviço público, que têm um custo anual de R$156 bilhões de reais, e a dos 29,2 milhões de aposentados e pensionistas do setor privado, de custo anual na ordem dos R$150 bilhões de reais. É preciso dizer mais para demonstrar o descalabro da previdência social brasileira?
Pois ainda assim um boa parte dos leitores - certamente servidores públicos - caiu de pau na fala do empresário, dizendo que ele fez um raciocínio superficial, não analisou bem os dados, não sabe fazer contas, e coisas assim.
Como o País pode dar certo, com tanta gente bailando no escuro à beira do precipício?

titoguarniere@terra.com.br 


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