Artigo, Denis Lerrer Rosenfield, Zero Hora - Jogo de cena

Denis Lerrer Rosenfield
Jogo de cena
      Haja paciência com os discursos de Lula e de sua claque petista e comunista. Ele já foi um excelente ator, mas, convenhamos, está se tornando um canastrão. Nada faz sentido; frases se concatenam aleatoriamente e a única coisa que lhe interessa é o ocultamento da realidade. E aqui está falhando fragorosamente.
      A sua última aparição pública, em reação – e não em resposta – aos promotores da Lava Jato é mais uma prova disto. Digo reação e não resposta, pois nada contestou, provavelmente por não ter o que dizer dos crimes por ele cometidos. Limitou-se a uma reação política, voltada para os que o aplaudem em qualquer circunstância, por mais disparates que diga.
      Os petistas de plantão logo se apressaram a dizer que ele não seria o “comandante máximo”, o general de uma organização criminosa, omitindo, por via de consequência, qualquer explicação sobre o tríplex do Guarujá, o transporte e o armazenamento de seu “patrimônio público” por uma empreiteira que o financiou com o dinheiro desviado do propino duto da Petrobrás.
Nem, tampouco, sobre o que já foi amplamente divulgado – porém ainda não denunciado pelo Ministério Público – como o sítio de Atibaia, as suas “palestras” que somam mais de 50 milhões de reais, “pagas”, em boa parte, com o dinheiro do mesmo propino duto. Crimes petistas são para serem ocultados ideologicamente, e não para serem julgados de acordo com a lei!
Façamos uma analogia. Al Capone não foi condenado por assassinato, roubo, tráfico de drogas, jogatina, prostituição e assim por diante. Foi julgado por uma coisa aparentemente menor, qual seja, sonegação do imposto de renda. Foi o modo que os policiais e os promotores encontraram para dar um basta à sua série de crimes, desmontando, assim, a sua quadrilha. Infelizmente, para ele, não teve na época um Delúbio Soares que poderia aconselhá-lo com sua “contabilidade criativa”. Alguém tem, porém, alguma dúvida de que Al Capone era o comandante máximo de seu bando?
Peguem outro caso. O agora ex-deputado Eduardo Cunha foi cassado por ter desviado recursos públicos? Por ter todo um esquema de financiamento pessoal e de seu grupo de deputados por intermédio de “negócios” com o seu aparelhamento de empresas estatais e bancos públicos? Não! Ele foi cassado por ter mentido por manter contas suas em bancos suíços! O PT deveria, portanto, “absolvê-lo”?

Chega de tanta encenação. Tudo tem limites. E Lula e seu grupo há muito os ultrapassaram.

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