Na Universidade Federal do ABC, não há diferença entre nacionalismo judaico e nazismo!

Edital para a seleção de professores é um dos maiores atentados à inteligência e ao bom senso que já vi. Eis o que as Chauis da vida fizeram com a universidade brasileira
                   
Há um lugar no Brasil em que o sionismo, o nacionalismo judaico, é só a expressão de um mal ao qual pertencem também o nazismo e o apartheid. Isto mesmo, leitor: há um lugar “nestepaiz” em que judeus, nazistas e racistas sul-africanos são apenas expressões da “branquidade”.
Estranho? Então vamos ver.
Não é só na economia que o país há de amargar muitos anos para se livrar dos desastres do petismo. Aliás, esse tende a ser até o menor dos males, apesar de tudo. A catástrofe verdadeira — que, às vezes, chega a parecer sem solução — está mesmo na educação. E em todos os níveis. Um edital da Universidade Federal do ABC, datado de 21 de junho, expõe a profundidade na nossa tragédia. A íntegra do documento está aqui.
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Quem viu há dias Marilena Chaui, ícone do professorado universitário petista, a dizer que Sergio Moro é pau-mandado de uma conspiração americana para nos tomar o pré-sal tem uma medida do abismo em que nos metemos.
O tal edital busca contratar quatro professores, em regime de dedicação exclusiva e salário inicial de R$ 8.639,50, para uma “área” cujo nome já dá o que pensar: “Relações Étnico-Raciais”. Cada profissional será contratado para se dedicar a uma destas subáreas:
1: Desigualdades de Raça, Gênero e Renda;
2: Relações Étnico-Raciais e Políticas Públicas;
3: Diáspora Negra, Direitos Humanos e Racismo;
4: Dinâmicas Socioterritoriais e Relações Étnico-Raciais.
Muito bem! Áreas e subáreas parecem já condicionar um conteúdo, mas ainda seria precipitado afirmá-lo.
O edital, ora vejam, não quer surpreender ninguém. E traz o conteúdo de cada uma das subáreas. Até aí, parece prudente. Mas há mais do que isso. Esse conteúdo já expõe uma leitura da realidade e um viés ideológico inequívoco, que atinge as raias do escândalo intelectual quando se expõe o programa da subárea “Diáspora Negra, Direitos Humanos e Racismo”. Lá se lê o programa:
4.3.1.1. Capitalismo, eurocentrismo e a construção da raça no Mundo Atlântico;
4.3.1.2. A formação do Estado-Nação na América Latina: o lugar das populações negras e indígenas;
4.3.1.3. Descolonizações africanas, a luta contra o apartheid e suas influências nos movimentos antirracistas no Brasil e no mundo;
4.3.1.4. Conexões da branquidade e dos regimes racistas: apartheid, nazismo, sionismo;
4.3.1.5. Desigualdades raciais e ações afirmativas em escala internacional;
4.3.1.6. A luta contra o racismo na ONU e outras instituições internacionais;
4.3.1.7. Racismo, xenofobia, islamofobia e as novas imigrações;
4.3.1.8. A Conferência de Durban, ativismo transnacional e Década Internacional dos Afrodescendentes;
4.3.1.9. Pan-africanismo: questões contemporâneas;
4.3.1.10. Feminismo negro: teorias e práticas.
Dá para fazer picadinho de cada item, que, como se nota, já condiciona um pensamento. Ou o primeiro não sugere que a construção da raça do mundo atlântico seria outra sem o capitalismo? Bem, certamente seria. Mas é possível que assim fosse também sem a energia elétrica…
Mas é no item “4.3.1.4” que a delinquência intelectual se revela de maneira insofismável: “Conexões da branquidade e dos regimes racistas: apartheid, nazismo, sionismo”.
Como se nota, o professor a ser contratado está obrigado a considerar que uma chave une e traduz estas três realidades histórias: o nazismo, o apartheid e, ora vejam, o “sionismo”. Assim, o nacionalismo judaico, segundo a “religião” que se cultua na Universidade Federal do ABC, é uma das “conexões da branquidade”, que abrigaria também o nazismo, que é um pensamento, uma corrente política e um regime que tinha como um dos horizontes o extermínio dos… judeus.
Assim, um curso destinado a combater o racismo está em busca de um professor que olhe para parte considerável dos judeus com olhos… racistas!
A bibliografia também não deixa a menor dúvida. Vejam:
4.3.2.1. AMIN, Samir. Eurocentrismo: crítica de uma ideologia. Lisboa: Dinossauro, 1994.
4.3.2.2. BRAGA, Pablo de R. S. África do Sul: a rede de ativismo transnacional contra o apartheid na África do Sul. Brasília: Fundação Alexandre Gusmão, 2011.
4.3.2.3. DA SILVA, Joselina & PEREIRA, Amauri M. Olhares sobre a Mobilização Brasileira para a III Conferência Mundial Contra o Racismo. BH: Nandyala, 2013.
4.3.2.4. DAVIS, Angela. A democracia da abolição. Para além do império, das prisões e da tortura. Difel, 2009.
4.3.2.5. FANON, Frantz. Condenados da terra. Juiz de Fora: UFJF, 2005.
4.3.2.6. FEKETE, Luiz. A suitable enemy: racism, migration and islamophobia in Europe. London/NY: Pluto Press (May 20, 2009).
4.3.2.7. GILROY, Paul. O Atlântico negro: modernidade e dupla consciência. São Paulo: Editora 34: 2001.
4.3.2.8. GONZALEZ, Lélia Gonzalez. Por um feminismo afro-latinoamericano. ISIS, 1988.
4.3.2.9. MARX, Antonhy. Making race and nation. Cambridge, Cambridge University Press, 1998.
4.3.2.10. MORNING, Anne. Ethnic classification in global perspective: a cross-national survey of 2000 Census Round. Population Research and Policy Review, v. 27, n. 2, p. 239-272, 2008.
4.3.2.11. MUCHIE, M.; LUKHELE-OLORUNJU, P. & AKPOR, O. (Eds). The African Union Ten Years After. Solving African Problems with Pan-Africanism and the African Renaissance. Africa Institute of South Africa, 2013.
4.3.2.12. PAIVA, Angela R. (org.). Ação afirmativa em questão: Brasil, Estados Unidos, África do Sul e França. Rio de Janeiro: Pallas, 2013.
4.3.2.13. PAMPLONA, M. & DOYLE, (orgs). Nacionalismo no Novo Mundo. Rio de Janeiro: Record, 2008.
4.3.2.14. PLUMELLE-URIBE, Rosa A. La férocité blanche – Des non-Blancs aux non-Aryens, génocides occultes de 1492 à nos jours. Paris: Albin Michel, 2001.
4.3.2.15. QUIJANO, Anibal. Colonialidade do poder, eurocentrismo e America Latina. In: LANDER, Edgardo. A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. (org.). CLACSO, Buenos Aires. 2005, pp. 117-142.
4.3.2.16. SAND, SHLOMO. The invention of the jewish people. London/NY: VERSO, 2009.
4.3.2.17. SILVA, Silvio José Albuquerque e. Combate ao racismo. Brasília: Fundação Alexandre de Gusmão, 2008.
4.3.2.18. WALLERSTEIN, Immanuel & BALIBAR, E. Race, nation, class: ambiguous identities. London/NY: Verso, 1991.
4.3.2.19. WARE, Vron (org.). Branquidade: identidade branca e multiculturalismo. Rio de Janeiro: Garamond, 2004.
Quem conhece o riscado notou que há um judeu famoso na lista acima: Schlomo Sand. No livro citado como referência, ele defende a tese de que o sionismo é, sim, uma forma de racismo. Entenderam o truque? Se até um judeu diz isso…
E, claro, não poderia faltar na lista a obra-símbolo da apologia da violência redentora dos “oprimidos”: o detestável “Os Condenados da Terra”, de Frantz Fanon, que, tudo indica, o candidato a professor deve aplaudir.
Vejam o edital inteiro. Àquilo foi reduzida a universidade brasileira. É evidente que, nesse ambiente, não há espaço para o pensamento plural. Faz-se um edital para selecionar, na verdade, um militante e um prosélito, uma vez que o curso já está determinado.
É evidente que um candidato que não reze por essa cartilha terá seu nome recusado. Ou haveria espaço para demonstrar que a obra de Fanon justifica, por exemplo, o terrorismo do Estado Islâmico? Ou haveria espaço para evidenciar que a cristofobia, que mata mais de 100 mil pessoas por ano no mundo, é muito mais letal do que a islamofobia? Ou haveria espaço para demonstrar que, quando se levam em consideração as vítimas, os islâmicos parecem ser os verdadeiros islamofóbicos? Ou haveria espaço para demonstrar que os maiores massacres de negros foram perpetrados por negros, sem que isso tivesse qualquer relação com o Ocidente?

Não! Eu não acho que uma universidade devesse abrigar apenas pessoas que desenvolvessem esse viés que exponho aqui. Creio que ela deveria ser um lugar da pluralidade de vozes. Mas não é o que temos.
Como se nota, a peneira já se faz na seleção dos professores. Só entra naquele espaço, afinal, quem conseguir demonstrar que não há diferença essencial entre um nacionalista judaico e um exterminador de judeus.
Não é universidade. É lixo intelectual!
Isso ajuda a explicar por que temos uma das piores educações do mundo, embora, em relação ao orçamento que existe, este seja um dos países do mundo que mais investem em educação.

O PT foi apeado do poder. Mas, por enquanto, essa guerra tem uma vencedora: Marilena Chaui. Ela é uma das personalidades que ajudaram a arruinar a universidade brasileira.

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